quarta-feira, 31 de março de 2010

Barcos de Papel

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde timida e levada,
eu saía a brincar pela calçada
nos meus tempos felizes de menino
.
Fazia, de papel, toda uma armada
e, estendendo o meu braço pequenino
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...
.
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais
.
são feitos de papel, são como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais...
Que os meus barquinhos, lá foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!
.
(Almeida, Guilherme de)
.

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